APLICAÇÃO DO MODELO DO LIGANTE BIÓTICO (BLM) PARA AVALIAÇÃO DA BIODISPONIBILIDADE DE METAIS EM AMBIENTES DULCÍCOLAS IMPACTADOS PELO ROMPIMENTO DA BARRAGEM DE FUNDÃO
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Introdução: Os ecossistemas aquáticos têm sofrido influência de diversos impactos de origem antrópica, por exemplo o rompimento da barragem de Fundão (MG), ocorrido em 05/11/2015. Neste caso, elementos traços, como metais, estavam presentes na lama de rejeitos que atingiu ambientes dulcícolas, estuarinos, costeiros e marinhos, causando prejuízos à biota aquática. Uma das formas de avaliar a biodisponibilidade e a toxicidade de metais no meio aquoso é a aplicação do Modelo do Ligante Biótico (BLM), uma ferramenta computacional desenvolvida a partir da modelagem ecotoxicológica, considerando-se os parâmetros físico-químicos da água e as possíveis interações destes com os metais, bem como as interações físico-químicas entre os metais e o órgão-alvo da toxicidade destes elementos químicos em animais aquáticos. Objetivo: O objetivo geral foi avaliar a influência da composição iônica da água na biodisponibilidade e toxicidade de metais na água do Rio Doce e de seu estuário, utilizando o BLM. Material e métodos: Coletou-se amostras de água em 10 pontos do Rio Doce em sua porção Capixaba, nas estações seca e chuvosa. O BLM foi alimentado com dados de pH, temperatura, concentrações de íons (Na+ , K+ , Ca2+, Mg2+, Cl- e SO4 -2), carbono orgânico dissolvido e alcalinidade total. A variabilidade dos parâmetros físico-químicos medidos na região nas duas estações refletiu diretamente nos resultados de toxicidade, visto que uma maior solubilização de cátions e ânions para os cursos d’água esteve correlacionada ao ponto mais próximo a foz do Rio Doce, tendo sido observada pequena atenuação em pontos mais afastados. Resultados: Os parâmetros pH, alcalinidade, cloreto, Mg, Ca, Na, K, sulfato e COD, quando analisados separadamente, por campanha de coleta, mostraram forte correlação com a toxicidade devido aos efeitos combinados da especiação, complexação e competição pela ligação dos metais (Cd e Pb) por outros metais (Cu e Zn) no ligante biótico (efeito protetor para a biota aquática). Conclusão: Cabe destacar que, no Brasil, ainda são restritos os grupos de pesquisa que desenvolvem e executam projetos com o objetivo de validar uma versão do BLM para ser aplicado em águas do Território Nacional afim de auxiliar os órgãos ambientais refinarem padrões de qualidade de água, com base nas diferentes características físico-químicas dos corpos d’água.
